O Brasil ganhou duas novas inscrições no livro de Patrimônio Cultural. Os registros são a Arte Santeira em Madeira e a Igreja de Nossa Senhora de Lourdes. Ambos em Teresina, no Piauí. Essa é a primeira vez que acontece o registro simultâneo de um bem imaterial e o tombamento de uma edificação e seu acervo. A decisão foi oficializada durante a 106ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, em Brasília.
Inscrita no Livro das Formas de Expressão, a Arte Santeira em Madeira do Piauí é uma arte plástica tradicional que utiliza a madeira como matéria-prima para o entalhe de esculturas tridimensionais, oratórios, paineis e outras peças de mobiliário sacro. Essas produções são peças únicas e trazem sempre referências religiosas, da natureza, de paisagens locais e do modo de vida da população. O estado tem atualmente cerca de 50 santeiros nessa atividade.
Para Ícaro Machado, Superintendente de Desenvolvimento do Artesanato Piauiense, o reconhecimento é algo que precisa ser trabalhado de maneira permanente para que se mantenha como identidade de um povo.
“Isso é a comemoração de um processo que vem de muitos anos e a gente hoje celebra com chave de ouro esse final dessa história. Na verdade a gente está começando um novo capítulo também. A arte santeira passa a ser um patrimônio, e esse patrimônio, como todo patrimônio, deve ser celebrado, preservado e perpetuado”.
O Iphan destacou que agora será elaborado um Plano de preservação e manutenção com políticas públicas para garantir a sustentabilidade da manifestação cultural.
E a Igreja de Nossa Senhora de Lourdes – que foi construída entre as décadas 60 e 70 , e que já tinha um tombamento provisório em 2011, recebeu agora a proteção definitiva. Não só do prédio em si, mas dos móveis históricos inventariados da igreja como o forro, o sacrário com moldura e base de madeira, o altar esculpido com figuras da arte santeira e a gruta de pedra. A aposentada Francisca Mendes falou de seu envolvimento com a história da Igreja e como contribuiu para o trabalho de reconhecimento
“Nasci numa praça ao lado da igreja, vi a igreja ser construída, meus pais ajudaram na construção e eu ajudei também o início desse processo de tombamento. Na época, eu participava do Conselho Estadual e cultura. Eu também sou apaixonada pela arte santeira”.
De acordo com o Governo do Estado do Piauí, o tombamento assegura a proteção legal do trabalho artesanal e da Igreja e fortalece o turismo cultural e religioso, atraindo visitantes e estudiosos.