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Família confirma leucemia como causa da morte de Sebastião Salgado

Uma grave leucemia foi a causa da morte do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Ele morreu em Paris, na França, nesta sexta-feira (23). A informação foi confirmada pela família.

Na mensagem, é destacada ainda a obra fotográfica inigualável de Sebastião Salgado, com um conteúdo profundamente humanista e um olhar sensível sobre as populações mais desfavorecidas e sobre os problemas ambientais que ameaçam nosso planeta.

Economista por formação, Salgado trabalhou nas principais agências de fotos da Europa, mas sempre com suas imagens em preto e branco, entre o jornalismo e a arte, como explicou à TV Brasil em uma entrevista em 2014:

“Eu fiz cor quando eu comecei fotografia, mas eu acabei no preto e branco. Preto e branco é uma abstração, permite sair da realidade. Eu lembro que eu fotografando, eu tinha certeza que os vermelhos, os azuis, eles iam voltar de maneira tão forte, tão densa, que eu começava a pensar só na cor. Ao passo que, quando eu transformava aquilo em gama de cinza, o vermelho é esse cinza um pouquinho mais escuro, o verde talvez um pouquinho mais claro, o azul um outro tom, eu abstraindo da cor, eu me permitia concentrar onde eu queria”.

Projetos marcantes como Trabalhadores, Êxodos e Gênesis mostram a visão profunda de Salgado sobre as mudanças na sociedade, as migrações globais e a natureza intocada, como no projeto Gênesis. Ele explicou como fotografou os jacarés no Pantanal do Mato Grosso:

“O jacaré é vivíssimo. Ele vê a 180 graus, aquele olho dele fora da cabeça, ele vê tudo. Eu vim meio escondido, tinha uns dez mil jacarés, e os jacarés começaram a entrar na água. Eu deitei no chão e vim me arrastando com o jacaré. Olha, os jacarés saíram da água. Eu tive uma quantidade de jacarés que vieram posar para a fotografia. Eles não estavam ali para me comer, eles estavam ali para ser fotografados”.

Sebastião Salgado viajou por mais de 120 países, usando suas lentes de forma incansável na luta por um mundo mais justo, mais humano e mais ecológico.

Em sua entrevista à TV Brasil em 2014, o fotógrafo explicou sua forma de ver o mundo e a fotografia:

“Esse tipo de fotografia que eu faço é uma forma de vida. Muitas vezes, as pessoas falaram que eu era um fotógrafo militante, que eu era um fotógrafo economista, que eu era um fotógrafo antropólogo. Eu não sou nada disso. Fotografia para mim é uma forma de vida, é a minha vida. Então, eu fotografei com a minha ideologia, fotografei com a minha cultura brasileira, e é necessário um tempo para fotografar”.

Com a esposa Lélia, Sebastião fundou o Instituto Terra, uma organização de reflorestamento em Aimorés, sua cidade natal em Minas Gerais, que já plantou mais de três milhões de árvores.

Ao longo de mais de cinco décadas de carreira, recebeu diversas honrarias e prêmios nacionais e internacionais, como o Prêmio World Press Photos, o Prêmio Unesco para Iniciativas Bem-Sucedidas e o Prêmio Jabuti de Literatura, pelo livro “Terra”. Salgado recebeu ainda o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Espírito Santo.

No perfil oficial no X, a Academia de Belas Artes da França lamentou a morte de Sebastião Salgado, eleito membro da Seção de Fotografia da instituição desde abril de 2016.


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