A exposição Marias reúne imagens de dez mulheres que conseguiram romper o ciclo da violência doméstica, transformando experiências de dor em narrativas de resistência e reconstrução. O livro homônimo apresenta essas histórias em forma de retratos e depoimentos, revelando trajetórias que vão desde cárcere privado até tentativas de feminicídio. A abertura da exposição e o lançamento do livro serão no dia 21 de outubro, às 14h30, no Espaço Cultural Athos Bulcão, no foyer do plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). A mostra permanecerá em cartaz até o dia 14 de novembro.
Desde 2019, a autora do livro e fotógrafa das obras, Ísis Dantas, registra relatos de sobreviventes por meio do projeto Marias da Penha, que já alcançou dezenas de mulheres. Entre os relatos está a história de Rosa Melo, moradora do Areal–DF, que sobreviveu a todos os tipos de violência e conseguiu romper o ciclo após quase ser queimada dentro de casa com os filhos. Hoje, Rosa é acolhida pelo Instituto Umanizzare, instituição fundada por Grace Justa, delegada da Polícia Civil do DF. Outras mulheres retratadas na obra também compartilham vivências que reafirmam a importância de redes de apoio para a superação da violência.

O livro traz ainda um posfácio da autora, baseado nos dados mais recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo o Anuário 2025, o Brasil registrou 1.492 feminicídios em 2024, média de quatro mulheres assassinadas por dia, em sua maioria negras, jovens e mortas dentro de casa. Além disso, quase 20% das medidas protetivas foram descumpridas, evidenciando a fragilidade da rede de proteção. Nesse contexto, o livro e a exposição reforçam a urgência de um enfrentamento coletivo à violência de gênero.
Ísis Dantas, que também sobreviveu a um relacionamento abusivo, destaca o papel da arte na sua própria trajetória e na de outras mulheres. “A fotografia me ajudou a resgatar minha própria vida e, com o projeto Marias da Penha, percebi que poderia ajudar outras mulheres a se reconhecerem como fortes, belas e capazes de recomeçar. O livro e a exposição reforçam que há vida após a violência, mas é preciso dar o primeiro passo.”
Para a autora, falar sobre violência de gênero é uma urgência social. “Vivemos uma epidemia de feminicídios no Brasil. Cada retrato e cada relato presentes em Marias é também um grito coletivo por dignidade, liberdade e vida. Espero que essas histórias inspirem não só mulheres a romperem o silêncio, mas toda a sociedade a se engajar nessa luta.”
A exposição, que conta com 43 quadros e tem curadoria do artista plástico e fotógrafo Rinaldo Morelli, ficará em cartaz até 14 de novembro, com visitação de 9h às 19h, de segunda a sexta-feira.
Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher – A chegada da exposição e do livro Marias à CLDF em outubro ganha ainda mais relevância por estar próxima ao Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher, celebrado em 10 de outubro. A data, instituída em memória de todas as vítimas e como forma de fortalecer a mobilização social, chama atenção para a necessidade de uma ação conjunta da sociedade no combate à violência de gênero. Nesse sentido, a obra de Ísis Dantas dialoga diretamente com o propósito do dia, trazendo rostos, histórias e vozes que reforçam a urgência da proteção e da garantia de direitos às mulheres.
O livro e a exposição “Marias” são realizados pela Associação Artise de Arte Cultura e Acessibilidade com o fomento do Ministério da Cultura (MinC).

Serviço: Abertura da exposição e lançamento do livro Marias
Data: 21 de outubro de 2025
Horário: 14h30
Local: Espaço Cultural Athos Bulcão, no foyer do plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal – CLDF
Entrada gratuita
Visitação: De 21 de outubro a 14 de novembro de 2025, de 9h às 19h, de segunda a sexta-feira.
Contato assessoria de imprensa: vinicius.remer@