A inauguração do Ponto de Cultura Nova Alquimia, em Valparaíso (GO), na última segunda, 25, foi marcada por discursos femininos de força, resiliência e luta pela arte. Em celebração ao Mês das Mulheres, o evento concedeu o Prêmio Mulheres de Impacto a personalidades femininas que contribuem com a arte em diversos setores da sociedade.
A secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Márcia Rollemberg, foi uma das homenageadas do evento. Na ocasião, ela entregou o certificado de abertura do Ponto, que também foi certificado pela plataforma da Política Nacional de Cultura Viva, ao idealizador do projeto, Fernando Fernandes.
“Estou emocionada pelo destaque de um ponto de cultura tão potente como a Nova Alquimia. A arte é uma pedagogia da alma e o Brasil precisa de pessoas trabalhando essa sensibilidade para aprendermos a conviver com as diferenças, conhecer nossa história e ter orgulho de quem somos”, ressaltou a secretária.
O Ponto de Cultura Nova Alquimia já era um centro criativo e cultural na cidade há anos, mas sem investimento ou apoio governamental. A chegada de recursos federais, especialmente da Lei Paulo Gustavo (LPG), permitiu ao projeto ter uma sede própria e estrutura para impulsionar diferentes tipos de produções culturais nas áreas de teatro, música e audiovisual.
“Estamos agora em um momento de reconstrução dessa política no Brasil, após um período muito conservador e de muitos retrocessos no campo dos direitos”, destacou a secretária, referindo-se ao Programa Cultura Viva, que em 2024 completa 20 anos de Política Nacional e 10 anos como Lei.
Homenagens
Entre as homenageadas também estavam presentes Glória Teixeira, cineasta e produtora cultural; Luciana Martuchelli, atriz, diretora e pesquisadora; Luanda Gabriela de Paula, assessora técnica do Ministério da Igualdade Racial (MIR); Vanessa Schutt, coordenadora de novos negócios da União Brasileira dos Compositores (UBC); Carmela, cidadã-honorária de Brasília, apresentadora e humorista; e Maria Fernandes, produtora cultural da Nova Alquimia.
“Esse espaço cultural já enfrentou muitas dificuldades, mas uma comunidade que respira arte transforma seus problemas em combustível para resistir”, destacou Glória Teixeira, diretora do premiado filme “Dulcina”.
“Criada na Idade Média, a Alquimia unia arte, ciência e religião em busca do elixir da vida. Além de todo o aspecto mágico e de miscigenação, a alquimia também é a busca pela cura por meio da medicina, e se tem uma coisa que a arte é, é medicina. Enquanto houver arte, sempre existirá esperança para uma sociedade”, refletiu Martuchelli.
“Sabemos o quanto é difícil viver da arte e o Ponto de Cultura Nova Alquimia é um potencializador desses artistas”, destacou Luanda.
“Parabéns a toda a família pela construção desse espaço. A UBC luta pelos direitos autorais e nossa diretoria abre as portas para tudo aquilo que é novo. Para além de ser um prazer apoiar os artistas da Nova Alquimia, encaramos como nossa obrigação”, pontuou Schutt.
“Carmela é como a Nova Alquimia. Todos os dias temos motivos para desistir, mas persistimos. Nossa grande arte é permanecer, ficar, movimentar e gerar”, comparou a humorista, que enfrenta, em seu cotidiano, o preconceito e a falta de oportunidades para artistas drags no campo jornalístico do Distrito Federal.
“A arte alimenta a alma, mas também precisamos de alimento para sobreviver no mundo. Estamos aqui há muitos anos, entregues de corpo e alma, acolhendo vidas e sobrevivendo desse sonho. É uma grande honra poder ver isso se concretizar”, concluiu Maria Fernandes, uma das projetistas da Nova Alquimia.
Por questões de agenda, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e Carminha Manfredini, mãe de Renato Russo, enviaram representantes para receber a homenagem em seus nomes.
