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Popcorn, ice cream and… SUS!

Nós também queremos reclamar!

Por Luciene Rodrigues

Enquanto o SAMU socorre um ex-presidente, uma atual celebridade reclama do SUS.

E quem pode julgá-la por isso? Eu também quero reclamar.

O nosso querido (desquerido, para alguns) Sistema Único de Saúde, vulgo SUS, é, definitivamente, polêmico. Onde tem uma confusão, lá está ele.

Bateu o carro? SUS chega, fazendo barulho, sirenes ligadas, abre o trânsito, pousa helicóptero, com seus paramédicos agindo como se estivessem em uma série americana, todos aparelhados, uniformizados, ágeis como se tossem meticulosamente treinados… O SUS não sabe ser discreto.

Foi se exibir para a moça e levou uma mordida do doguinho dela, na rua? SUS tá lá, te dando dez adoráveis agulhadas antirrábicas, queira você ou não. O caramelo também leva as dele, afinal, nunca se sabe onde você andou colocando as fuças, vai que ele também está em risco.

Um ex-presidente comeu muita pipoca com sorvete? Tá lá o danado do SUS com seu SAMU, socorrendo o pobre indigesto. ‘Setentitive’ ou setentenário, não importa, independente da língua falada ou da faixa etária, o SUS não discrimina ninguém. Nem os inelegíveis.

Uma subcelebridade com nome de achocolatado está sem engajamento na mídia? Lá está o SUS, na boca da mocinha, ajudando-a a ganhar alguns likes, mesmo às custas de seu sacrifício pessoal, visto que a celebridade em questão descobriu que falar mal dá mais visibilidade do que falar bem.

Mas o SUS ‘arreda’ por causa disso? Jamais. Ingratidão nunca fez parar esse guerreiro. Falem mal, mas falem do SUS.

Que o digam as criancinhas, que o amaldiçoam desde o primeiro mês. Também não dá para julgá-las, as picadinhas das vacinas são, definitivamente, desagradáveis, mas necessárias e obrigatórias. E são mais de 10 picadas, só nos primeiros cinco anos de vida. Haja paciência! Vale lembrar também que são gratuitas, porque o SUS mostra a agulha e paga a conta.

E até da conta paga, alguns reclamam, afinal, parece que o SUS pega o dinheiro, pasmem… tcham, tcham, tcham… dos nossos impostos!

Epa! Vacilo… Eu acho que já estava quase elogiando o SUS aqui, agora me lembre do que eu queria reclamar:

Que absurdo! Então, ao invés de fabricar seus próprios recursos, esse tal sistema pega o dinheiro dos MEUS impostos para socorrer… a mim? Ah, mas também socorre meus filhos, irmãos, minha mãe… até parece bom, olhando assim.

Epa, socorre até mesmo milionários quando precisam de transplantes! E eu gosto de milionários. Sendo sincera, tenho empatia até por pobres que precisem de transplantes…

(Foco, garota, você quer re-cla-mar)

Mas também socorre meu vizinho encrenqueiro (como naquela vez que ele caiu do muro após vir me bisbilhotar a minha vida), o mendigo da esquina, meu cunhado caloteiro, até o cachorro que me mordeu?

Socorreu o presidente de nove dedos (aposto que eu paguei pela cirurgia do dedo retirado), a ex-presidenta chefona do banco do Brics (será que na China tem SUS?), e agora o ex-presidente que tem um piriri toda vez que come um Prato Feito?

É tanta gente que eu já estou confusa. Quero pagar essa conta não. O que eu posso fazer para não pagar? Simples. Me juntar à uma pequena multidão de pessoas de intelecto questionável e, claro, questionar a eficiência e importância do SUS.

Isso, óbvio, depois de tomar a vacina para dengue, covid e febre amarela… Espera, a de tétano está vencida, vou tomar essa também. De graça, que não sou trouxa. Opa, de graça não, tô pagando (imaginem aquela personagem do Zorra Total aqui, ou um emoji com carinha safada).

Agora sim, estou pronta para lutar contra esse abuso do uso de meus impostos.

Farei isso na internet, como deve ser.

Primeiro eu vou assistir a alguns vídeos da tal Jojo Todynho. Alguém que, mesmo com um nome tão singelo, consegue fazer tanto barulho e chamar tanto a atenção, deve ter algo de interessante a dizer.

Uma breve pesquisa, encontrei muitos vídeos dela, vejo alguns:

Em um ela é a favor da comunidade LGBTQI+, em outro é contra e quer que todo mundo vá se f… (menina desbocada, ela).

Em um ela ama fulano, em outro ela odeia (não julgo, cada um com seus fulanos).

Em um ela está muito brava com a própria família. Aparentemente, por ser rica, a família insiste que ela deva pagar o parto da cunhada. Muito sabiamente (e por não dizer, economicamente?), ela explica que não é obrigada a nada, cada um com seus problemas, para partos gratuitos existe o… o SUS.

Em outro ela critica a existência do SUS. (Eu acho que “alguém” não gosta da cunhada).

Confusa, essa moça. Fica difícil me inspirar nela. Polêmica, a moça, vou tentar conhecer mais um pouco sobre ela.

Dando-me a licença poética de falar sério nesse texto que tem a leve pretensão de ser de humor, diria que ela enfrentou muitos preconceitos. De cor, peso, classe social, origem… teve que encarar a vida com punhos cerrados.

E é com punhos cerrados que ela se confunde em seus discursos, que ela não se permite aprofundar-se. Tudo em sua vida é um susto, onde ela se põe de pé, levanta a mão e pergunta “que tiro foi esse, que foi um afraso?”.

E nessa tentativa de chocar e questionar, muitas vezes ela se perde.

Eu gosto de acreditar que, em algum momento, se ela não for totalmente absorvida pela vertente política que se diz parte em um de seus arroubos de mudança, talvez ela repense suas opiniões sobre o SUS.

Agora voltemos ao clima anterior, isso aqui é um texto de protesto, carambolas!

Só peço um pouco de paciência aí do outro lado da tela, pois minha mãe está chamando. Quase me esqueço de ir à farmácia popular buscar a medicação para diabetes, caríssima, que ela não pode viver sem. De graça, é claro, que ela não é trouxa.

Aguentem aí, que minha santa mãezinha é prioridade. Volto já.

Viva o…

Ops… Ato falho.

Tá bombando...

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