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Última semana para conferir exposição de Jorge Bodanzky sobre cinema e ditadura, no Museu Nacional da República, com debate na UnB

Mostra “Que país é este?” encerra dia 21 de setembro; cineasta apresenta filme e participa de evento na Universidade no dia 11/09

O público de Brasília tem até sábado, 21 de setembro, para visitar a exposição “Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985”, em cartaz no Museu Nacional da República. A mostra, que tem atraído o público e provocado reflexões sobre um período crucial da história do Brasil, encerra sua temporada na capital, com uma oportunidade única de ver o acervo do renomado fotógrafo e cineasta.

Como parte da programação especial de encerramento, a Universidade de Brasília (UnB) realiza no dia 11 de setembro o seminário “Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky na UnB”. O evento, que acontece no Memorial Darcy Ribeiro (Beijódromo), contará com a presença do próprio cineasta, mesas de debate com pesquisadores e a exibição do filme “Utopia Distopia” (2020), às 19h. No filme, Bodanzky recorre às memórias afetivas do período em que cursou a Faculdade de Arquitetura da UnB para mostrar um painel da juventude na década de 1960, seus sonhos, expectativas, crises e projetos interrompidos pelo Golpe Militar.

A programação é uma oportunidade para aprofundar o diálogo sobre a trajetória de Bodanzky e seu vínculo com a universidade, onde iniciou seus estudos nos anos 1960.

Sessenta anos após o golpe militar no Brasil, a exposição que está em cartaz no Museu da República reúne pela primeira vez fotografias, reportagens audiovisuais, filmes super-8 e cenas dos principais filmes dirigidos pelo fotógrafo e cineasta Jorge Bodanzky durante a ditadura no Brasil. A mostra, uma itinerância em parceria com o Instituto Moreira Salles (IMS), apresenta filmes com temas que permanecem atuais, como a violência no campo, a destruição ambiental e a luta dos movimentos sociais.

Com curadoria do coordenador do departamento de Arte Contemporânea do IMS, Thyago Nogueira, assistência de Horrana de Kássia Santoz e pesquisa de Ângelo Manjabosco e Mariana Baumgaertner, a exposição apresenta o período em que Bodanzky consolidou sua linguagem visual, atuando na fotografia, na televisão e no cinema.

No centro da exposição, quatro grandes telas de projeção exibem cenas dos principais filmes do cineasta feitos no período. Entre os títulos incluídos, está “Iracema: uma transa amazônica” (1974), com codireção de Orlando Senna. As projeções criam diálogos entre as cenas para mostrar temas comuns, como as formas de exploração do trabalho, as lutas e resistências, a religiosidade e espiritualidade populares, e as distintas visões de progresso. Alguns filmes foram censurados no período militar, sendo vistos apenas no circuito do cinema independente e cineclubes.

Nas paredes da exposição, o visitante encontrará ainda fotografias feitas pelo artista nas décadas de 1960 a 1980, durante suas viagens pelo Brasil. Há imagens experimentais produzidas em Brasília, cenas de reportagens feitas para a revista Realidade e flagrantes do cotidiano do país. Na obra fotográfica, chama a atenção o uso do para-brisa de carros, aviões ou helicópteros para enquadrar a realidade, um recurso que sugere a formação do olhar narrativo e cinematográfico de Bodanzky.

Um dos filmes que estão representados na exposição é Caminhos de Valderez (1971), primeira produção cinematográfica de Bodanzky, rodado em Brasília, no Vale do Amanhecer. A protagonista do filme, Valderez de Almeida, que estreou no cinema nesta produção, destaca que a exposição reflete a importância do trabalho de Bodanzky.  “Todo esse material exposto ressalta a incansável busca de Bodanzky em mostrar os diversos aspectos do Brasil. Ele é um grande cineasta, fotógrafo e uma pessoa que sempre fez política através de seu trabalho, nesses 53 anos de trajetória.”

De acordo com Jorge Bodanzky, a exposição em Brasília neste momento político que vivemos tem uma dupla importância.  “Foi aqui em Brasília onde comecei, onde se construiu a minha visão de Brasil, naquele momento na Universidade de Brasília. E hoje em função da situação política que a gente vive acho muito importante mostrar para pessoas que não viveram a ditadura como era a vida naquele tempo, para que elas possam ter conhecimento.  Não é uma exposição de denúncia, mas mostra como era o povo, o que fazia se vivia nessa naquela época”, ressalta o fotógrafo.

“Vistas em conjunto, estas obras revelam o papel crucial das imagens na luta por justiça social e na compreensão do Brasil, erguido sobre bases violentas e autoritárias. Revê-las é testemunhar a história sendo escrita a quente, mas também dar-se conta de que boa parte dos conflitos e paradoxos daquele período continuam vivos hoje”, destaca Thyago Nogueira, curador da exposição.

Serviço:

Exposição Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985

Data: Até 21 de setembro
De terça a domingo, das 9h às 18h30
Local: Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul, Lote 2)
Entrada gratuita
Classificação indicativa: 14 anos

Seminário Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky na UnB

Data: 11 de setembro (quinta-feira)
Horário: 14h às 21h
Local: Memorial Darcy Ribeiro – Beijódromo (UnB)
Entrada gratuita, aberto a comunidade

14h – Abertura: Jorge Bodanzky, Thyago Nogueira (IMS), Fran Faveiro (MUN) e Gregório Soares (UnB)

15h – Debate: Pablo Gonçalo (FAC/UnB), Marcelo Mari (IdA/UnB), Raquel Imanishi (FIL/UnB), Marina Bezzi (UnB) e Sebastião Albano (UFRN)

19h – Filme: “Utopia Distopia” (2020) – Jorge Bodanzky e Bruno Caldas (Brasil, 72′)

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